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Arte: loucura ou liberdade?


O artista mergulhado em si percorre caminhos desconhecidos. Essa viagem interior o leva a lugares íntimos e desperta emoções, lembranças, desejos, muitas vezes confusos, incompreensíveis. Arte e loucura estão relacionadas na história, marcadas por gênios criativos, artistas incompreendidos, transgressões sociais, liberdades inaceitáveis.

Observando a história podemos perceber que muitos artistas foram considerados loucos ou excêntricos simplesmente por não se encaixarem nos padrões sociais da época em que viveram, embora alguns tenham, de fato, registros de transtornos psíquicos.

É importante desmistificar a relação arte/loucura, ou pensar o conceito de loucura nos diferentes contextos sócio-culturais se quisermos compreender o processo criativo como caminho de transformação pessoal.

A associação entre loucura e criatividade vem da antiguidade, segundo Souza (2012), “dada a sua a aparente espontaneidade e irracionalidade”(p.21). O autor lembra que Cesare Lombroso escreveu já no século XIX, que a “natureza irracional ou involuntária da arte criadora deve ser explicada patologicamente” (p.23).

Para Osho (1999), “a pessoa criativa é aquela que tem introspecção, que consegue ver coisas que nenhuma outra viu antes, que ouve coisas que ninguém ouviu antes – nela sim, há criatividade”. (p.10)

Silveira (1977) explica as quatro funções psíquicas da tipologia Junguiana de adaptação da consciência para lidar com o mundo exterior e nele se orientar. São elas: sensação, pensamento, sentimento e intuição.

A sensação tem como função perceber o entorno, as coisas que nos cercam e nos permite nos adaptarmos a realidade objetiva. O pensamento, por sua vez, discrimina, esclarece, julga e dá significado aos objetos que nos cercam. O sentimento atua dando o valor para cada coisa. Assim como o pensamento, o sentimento julga, porém de forma diversa, pois a lógica do primeiro é a razão e a do segundo, o coração. Já a intuição é a função que apreende a atmosfera das coisas, age no âmbito do inconsciente e nos dá a percepção de como as coisas se movimentam.

Embora todos tenham as quatro funções, em cada individuo uma delas é mais desenvolvida e consciente do que as outras.

Jung (in Sharp, 1991) compara as quatro funções a uma bússola, dizendo que todas são indispensáveis e arbitráveis e que podem ser alteradas.

A capacidade do indivíduo em mudar de direção está intimamente relacionada a sua capacidade criativa. Navegar, em maior ou menor grau, entre as funções psíquicas, explorar aquelas menos desenvolvidas permite revelar uma diversidade de possibilidades de ser para o indivíduo.

Assim, ao alcançarmos um determinado nível de autoconhecimento podemos exercer nossa existência de forma autêntica, agir com maior liberdade para satisfazermos nossa necessidade de realização, para vivermos plenamente.

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